O primeiro amor da Adolescência

    O primeiro amor da adolescência

 

A chave do grande «primeiro amor» está na primeira infância, dizem os especialistas. Os nossos primeiros afectos e modelos de relação são os nossos pais e a forma como se relacionam connosco e entre eles. Para o bem ou para o mal essa impressões afectivas e emocionais ficarão dentro de nós e irão influenciar as nossas escolas amorosas, nomeadamente na adolescência.
«O meu primeiro amor», conta José, «foi a minha professora primária, tinha eu sete anos». Fixou-se na blusa branca com bordados da Madeira e até hoje nunca mais se esqueceu da mulher bonita que se debruçava, obsequiosa, sobre a pequena secretária onde o João ensaiava as primeiras letras e aprendia os números. Esse cuidado atento e caloroso ficou-lhe na memória e hoje, quando viaja no tempo até essa altura remota, ainda sente a emoção do amor tão precoce e nunca esquecido. Na verdade, o nosso primeiro amor remete-nos ainda paltara mais cedo e é inesquecível, ainda que nem sempre consciente. Luísa Amaral, licenciada em Filosofia, professora e psicoterapeuta da Sociedade Portuguesa de Psicoterapias Breves não hesita em afirmar que, «verdadeiramente, o primeiro amor dos meninos é a mãe e o das meninas é o pai, atracção que começa a manifestar-se mais abertamente por volta dos três anos e meio». Freud chamou Complexo de Édipo ao amor que os meninos sentem pela sua mãe e à hostilidade que dirigem ao pai, ao mesmo tempo que o admiram pela sua força e sonham em ser como ele.
Estes sentimentos contraditórios são também sentidos pela meninas em relação à mãe, que vêm como uma rival na conquista pelo amor do pai, mas também a veneram como um ideal feminino a seguir. Ora bem, com o tempo, meninos e meninas terão de renunciar a esse primeiro amor pela força dos interditos incestuosos, por muito que lhes custe. Sendo esta renúncia bem sucedida, que é como quem diz, bem «elaborada» e integrada a ideia de que não podem «casar» com a mãe ou com o pai, será possível ultrapassar os desejos edipianos, ganhar a maturidade e facilitar relações amorosas saudáveis, como acentua Alexandra Medeiros, mestre em psicopatologia clínica e psicologia clínica. Esta é a versão dinâmica dos primórdios do enamoramento, que volta a ser reactivado quando as crianças crescem e chegam finalmente à adolescência. «A forma como esta surge e é vivido o primeiro amor ou a sexualidade de uma forma geral» diz Alexandra Medeiros, «não é mais do que o espelho de tudo isso. Segundo «o modelo psicanalítico, o cerne do psiquismo humano reside na infância.».
Ou seja, «tudo se dá nesse momento e o que vem depois são consequências». Por isso, «ao invés de se persistir na ideia errada da adolescência como «‘O Problema’», deve-se encarar a infância como solução».

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